Tenho momentos em que
tudo me foge. Tudo me desaparece. Parece água que evapora. Perco os sentidos.
Perco o meu caminho. Perco a minha imaginação. Deixo de perceber onde estou.
Perco a noção do norte e do sul. Não entendo.
Numa fracção de
segundos perco a minha vida inteira. Alguém, um ser que eu não vejo, rouba-me
todas as minhas recordações. Deixo de sentir quem sou. Deixo de sentir aquilo
que mais me caracteriza. Deixo-me apoderar por tudo e por todos. Sinto que não
sou quem quero. Sinto que devo ser outro que não eu. Olho. Penso. Vejo e
revejo. Ás vezes, vejo a minha vida como um mero espectáculo. Sinceramente, não
me agrada a ideia. Paro de novo. Tenho de encontrar uma resposta. Lá surge.
Custa a crer. A verdade dói. Aquilo a que assisto e julgo ser um mero
espectáculo, sou eu mesmo.
Encontro às vezes
retratos perdidos. Não roubados. Marcos da minha vida. Marcos dos meus medos.
Marcos dos meus sonhos. Marcos das minhas caminhadas. Sinto saudades. Sinto
vontade de ouvir aquela voz. Sinto vontade de sentir os mesmos cheirinhos de
sempre. Lembro-me do passado. Sinto.
Vou voar um pouco.
Viajar no tempo. Para onde vou? Saberei quando lá chegar!
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